Friday, March 07, 2008

A ousadia dos pequenos

By Luciano “Carioca” Vitor

Já são seis anos de labuta e esforços hercúleos que culminaram em cinco livros lançados, de dois autores, mas resumindo assim parece que é mais uma dessas idéias de fundo de quintal que culmina numa micro-editora e a idéia se torna apenas palavras dentro de um currículo.

Um dos autores lançados pela Spectro Editora é o grande autor americano Charles Bukowski, criador de tipos memoráveis como Hank Chinaski (seu alter ego) e líder (mesmo que sem pedir) de uma geração inteira de loucos, bêbados, aspirantes a escritores (alguns até que conseguiram seus intentos, basta ver a gaúcha Clara Averbuck que bebe descaradamente na fonte de Bukowski, só que com uma outra roupagem) e músicos, na maioria roqueiros, que o idolatram. Desde o projeto paralelo da Comunidade Nin Jitsu, a 808Sex até bandas como o U2, cujo vocalista Bono Vox é fã declarado do autor. Ele escreveu uma canção homenageando o autor, “Dirty World”, que utiliza palavras de um livro de poesias chamado “The Days Run Away Like Wild Horses Over the Hills”, o que no mínimo é um contra-senso enorme, já que Bukowski não gostava de rock e nem de roqueiros, sua paixão era a música clássica. Mas como começou essa historia? Uma pequena editora capitaneada por três amigos consegue lançar 4 livros de poemas de Bukowski no Brasil desbancando grandes editoras e impérios literários.

Que o sul do país tem uma extensa vocação para empreendimentos editoriais, qualquer um mais informado sabe, mas em Florianópolis uma editora conseguir publicar o grande autor amado por gerações, no mínimo é estranho. Foi sobre esse desafio de colocar o bloco (ou a editora) na rua e as negociações com os representantes de Bukowski (a Black Sparrow Press que também representa outro ícone e ídolo de Buk, Jonh Fante) que a Dynamite foi conversar em um domingo de chuva, bebendo uma cerveja, com Fábio Soares um dos donos da editora. Porque para entender todo o universo que cerca essa historia é necessário entrar de copo e alma.

Dynamite: Como tudo isso começou? Nos conte mais da historia da Spectro Editora.

Fábio Soares: Bem, eu conheci esse cara de nome misterioso, Aleph Ozuas, em 1997 que logo se tornou um parceiro de bebida e junto me ajudava a editar uma revista de estudantes chamada Poité. Antes disso eu já havia editado por 3 anos um jornal de jogos chamado Avalon, então já estava definitivamente inoculado pelo vício de publicar, a tensão de passar meses virando noites trabalhando em algo muito abstrato na tela do computador e um dia ir na gráfica e ver lá aquele volume materializado. Vicia na hora. Então em 98 decidimos que montaríamos uma editora para lançar uma mistura de novos autores com autores consagrados e deixamos a idéia adormecida num canto. Quando em 2001 entrei em contato com a Black Sparrow Press e resolvi montar a editora, Aleph não estava mais disponível para o projeto, pois nesse meio tempo se aperfeiçoara como webdesigner e montara o excelente site ciberarte.com.br. Então eu e mais dois sócios, um dos quais eu conhecera no jornal de jogos vários anos antes, montamos a editora, que conta ainda com a colaboração esporádica de Aleph, que é quem tirou a foto da ave morta que está na capa de Vida Desalmada.

(O texto completo desta matéria você pode ler na versão impressa da Revista Dynamite.)

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4 Comments:

Blogger Esta podridão que se apresenta: said...

Em termos de estética visual a capa do livro Vida Desalmada – parte 03 é a mais bela e bem elaborada de toda a obra: “Open All Night: New Poems”. Pois, a fotografia “Egretta Garzetta”, de Aleph Ozuas de uma ave carcomida na areia da praia é uma imagem poética que transmite um sentimento melancólico, à altura do título bem escolhido.

Já a contracapa do “Hino da Tormenta” ficou fantástica. Sei que sou suspeito pelo fato de me arriscar como cartunista, mas, o traço do desenhista Frank Maia é muito vivo estando ali no lado B do livro. Dos três trabalhos apresentados pelo artista F. Maia, curti muito este material emoldurado no verso do primeiro livro. A caricatura ficou totalmente condizente com o personagem – nada fictício – do velho Buk.

Em minha opinião, dentre a tetralogia “New Poems”, a seleção de textos contida no quarto volume “à toa em San Pedro” foi a parte mais sedutora do conjunto. A tradução atingiu o grau mais ácido e corrosivo de Charles Bukowski por apresentar uma análise fria do autor pelas coisas e pelas pessoas à sua volta. O título suave sugere uma leitura aparentemente inofensiva, mas o leitor despreparado, que se atrever a adentrar o universo oculto das páginas camufladas por um título despretensioso, poderá sofrer certo desconforto no âmago ao tocar na ferida exposta pelos versos simples e cruéis na essência da escrita.

Parabéns a todos envolvidos pelo trabalho e empenho em realizar as traduções e concluir o objetivo de presentear aos fãs do velho safado com estas linhas, inéditas em língua portuguesa.

7:17 AM  
Blogger pepper said...

amirros, sou brasilenho lôco e cheio de poetância pra dar. Mientras de repiente vos aguste mirro mui caro blog (eracionalismo.blogspot.com), que miras mui baratas poesias (http://recantodasletras.uol.com.br/autor_textos.php?id=17908).
Quem sabe não ousemos a conquista de bongues e grandes canudos pelas praças... Além claro, de um bom e velho baseado...
sablaços

1:46 PM  
Blogger pepper said...

amirros, sou brasilenho lôco e cheio de poetância pra dar. Mientras de repiente vos aguste mirro mui caro blog (eracionalismo.blogspot.com), que miras mui baratas poesias (http://recantodasletras.uol.com.br/autor_textos.php?id=17908).
Quem sabe não ousemos a conquista de bongues e grandes canudos pelas praças... Além claro, de um bom e velho baseado...
sablaços

1:46 PM  
Blogger pepper said...

êta porra,
vai mais uma aee...
Viva a grande geração!!

1:52 PM  

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